Hired - Capítulo 18: Auto-Curiosidade #3
- rannison rodrigues
- 12 de jul. de 2021
- 8 min de leitura

O quebrador de Pedras – A importância de saber quais são as suas fraquezas
Reconhecer nossas fraquezas é encarar o fato de que não somos perfeitos. Graças a Deus! A vida seria muito monótona e sem desafios, se não tivéssemos nada para aprender e desenvolver. No nosso momento histórico, no entanto, fraquezas, defeitos e medos, tendem a ser encarados, pessoalmente, em dois extremos: o orgulho e a negação. E aí, ou nos acomodamos ou nos alienamos. Se sinto orgulho de ser preguiçoso, faço graça, aceito o fato, me ufano dele e não tento lidar com essa fraqueza. Me acomodo. Do contrário se, por negação, escondo a preguiça, disfarço, jogo para debaixo do tapete, finjo ser quem não sou, me alieno de mim mesmo.
Nossa sociedade também criou duas caixas para classificar as fraquezas: “Loosers” e “Coitados”. Pode parecer a mesma coisa, mas não é. Temos pena dos coitados, queremos que os loosers se explodam. Inclusive, tem gente que é considerada looser por não conseguir ser coitado. Tomamos as dores destes, e queremos distância daqueles. Ser coitado está na moda, muita gente gosta e se sente mais bem ajustada à vida neste papel. Mas looser, ninguém quer ser. Esses “personagens sociais” também não ajudam a lidar com nossas fraquezas.
E todos nós, sem exceção, temos fraquezas, defeitos, medos. Mesmo que você não veja através dos filtros nas fotos das redes sociais, lembre-se disso: todos temos fraquezas, porque somos humanos. Mas até os loosers são capazes de realizar muito, você só não está olhando direito. E, tenha certeza, você não está ajudando ninguém quando alimenta o coitado que ele decidiu ser. Mais importante: preste atenção às suas fraquezas, perceba que pode aprender com elas e evoluir. Quando as identificar, lide com elas. Não as esconda e nem se orgulhe. Tente aprender, ser franco consigo mesmo, e melhorar aquilo que te impede de seguir. Negar suas fraquezas, é andar em círculos. E pensar que a resposta está fora, é tolice. Há uma parábola que demonstra que tudo tem suas fraquezas, mas que até mesmo o mais simples dos mortais tem, dentro de si, o poder de fazer a diferença.
Era uma vez, um quebrador de pedras que estava sempre insatisfeito consigo mesmo e com sua posição na vida. Um dia, passou em frente à mansão de um rico mercador e pensou “Quão poderoso é este mercador!”. Ele desejou ser como o comerciante e, para sua surpresa, repentinamente, tornou-se o comerciante, usufruindo dos luxos e do poder que jamais tinha imaginado. Mas passou também a ser invejado e odiado por todos que eram menos poderosos e ricos do que ele.
Um dia um oficial do governo passou à sua frente na rua e, todos, não importando quão ricos, tinham que se curvar à passagem do oficial. “Quão poderoso é este oficial!” pensou ele. “Gostaria de poder ser poderoso assim!”. Então, ele tornou-se o oficial, temido e odiado. Todos passaram a se curvar à sua passagem. Até que, em um dia quente de verão, o oficial sentiu-se muito desconfortável com o calor. Olhou para o Sol radiante no céu. Ele não se curvava à sua passagem e era indiferente à sua vontade. “Quão poderoso é o Sol!” pensou. “Gostaria de ser o Sol!” e tornou-se o Sol. Brilhando ferozmente, crestando os campos, amaldiçoado pelos fazendeiros e trabalhadores.
Mas um dia, uma nuvem se colocou entre ele e a terra, e seu calor não podia mais alcançar o mundo. “Quão poderosa é a nuvem!” pensou “Gostaria de ser uma nuvem!”. E, adivinhe! Pois é, ele tornou-se a nuvem, inundando com chuva campos e vilas. Até que de repente, percebeu que estava sendo empurrado por uma força avassaladora: o vento. “Quão poderoso é o Vento!” pensou, “Gostaria de ser o vento!”, e virou o vento. Soprou implacável, desenraizando árvores e deixando destruição por onde passava. Até que encontrou algo que não conseguia mover: um grande rochedo. “Quão poderoso é o rochedo!” pensou. “Gostaria de ser um rochedo!” e se tornou o bendito rochedo.
Agora ele era mais poderoso do que qualquer outra coisa na terra: vento, nuvens, sol, oficiais, mercadores. Era eterno, inamovível. No entanto, o pensamento que lhe enchia de orgulho, foi interrompido pelo som de um martelo batendo em um cinzel, e sentiu a si mesmo sendo despedaçado. “O que poderia ser mais poderoso do que uma rocha?” pensou surpreso. Ao olhar para baixo, viu a figura de um quebrador de pedras.”
Se nem o sol é todo poderoso, por que você seria? Mas já pensou no que um quebrador de pedras é capaz de fazer? Os obstáculos não são externos, estão dentro de nós, na nossa percepção. É possível lidar com cada um deles. Agora que você já os estabeleceu, não se concentre naquilo que você não pode controlar. Não gaste tempo pensando em como o jardim do vizinho é mais verde. Seus “defeitos” podem melhorar você, porque suas limitações te dão oportunidades de evoluir. Isso também é extremamente importante numa entrevista porque ninguém é só qualidades. Confie em si mesmo.
Uma das perguntas mais mal respondidas em entrevistas é: “Quais são os seus defeitos?”. Porque todo mundo fala que é muito ansioso, que é perfeccionista, que é workaholic etc. Parecem com o papagaio da minha ex-sogra. A segunda pergunta mais mal respondida é a que vem logo depois “E como isso te atrapalha?”, porque as respostas são vagas, e pouco convincentes. As pessoas não sabem demonstrar vulnerabilidade (e portanto, humanidade), porque não param para pensar e lidar com as suas reais fraquezas. Querem ser o rochedo, a nuvem, o vento, o sol. São artificiais, mecânicas, não são genuínas.
Ser autêntico, em qualquer interação humana, diferencia você. Isso não significa dizer a primeira coisa que lhe vier à cabeça, de qualquer jeito, sem pensar. Não, não é isso. Autenticidade tem a ver com não se artificializar. Queremos nos conectar com pessoas, e pessoas erram. Se você tentar passar uma imagem de perfeição, não vai estar só sendo mentiroso, vai passar insegurança também. Confie em você, seja genuíno. Mais adiante, veremos maneiras de fazer isso com equilíbrio.
Tudo te deixa mais forte! - A importância de saber como o seu trabalho te aproxima dos seus sonhos.
Você já deve ter ouvido a história da formiga que era uma funcionária fantástica e que depois de muitas desventuras, ficou desmotivada e, quem diria, foi demitida. Se você ainda não conhece a história, eu te conto, mas já aviso que a formiga não sabia como o trabalho dela a aproximava dos sonhos que tinha. Por isso sofreu mais que protagonista de novela mexicana, desperdiçou seus talentos, perdeu a oportunidade de aprender e foi demitida. Ela não conseguia entender que tudo que recebeu da vida a deixava mais forte. A história é mais ou menos assim...
“Todos os dias, a formiga chegava cedo ao escritório e trabalhava duro. Ela era, mesmo sem ser supervisionada por ninguém, muito produtiva e estava sempre contente. A abelha, diretora da empresa, pensou que ela seria ainda mais produtiva se fosse supervisionada. Colocou então a barata, que era craque em relatórios e tinha muita experiência, para supervisionar a formiga. A barata começou padronizando o horário de entrada e saída de sua supervisionada e, passado algum tempo, precisou de uma secretária para ajudá-la com os relatórios e controles de ponto. Para isso contratou a aranha.
A abelha ficou muito satisfeita com os relatórios da barata e pediu mais indicadores e análises. A barata, então, precisou de mais ajuda. Contratou a mosca e criou mais relatórios e processos. Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a se lamentar por causa daquele monte de reuniões, processos, relatórios, papéis.
A área cresceu e a abelha decidiu contratar a cigarra como gestora. A cigarra contratou uma assistente, a pulga, para preparar um plano estratégico de controle orçamentário da área. A formiga, que já não era mais feliz, reclamava mais e produzia menos do que nunca. A cigarra convenceu então a abelha de que era preciso fazer uma pesquisa de clima para entender o que estava acontecendo.
Ao rever as finanças, a abelha percebeu que a unidade na qual a formiga trabalhava já não rendia como antes, porque os custos tinham aumentado muito. Uma consultora famosa, a Coruja, foi contratada, a peso de ouro, para fazer um diagnóstico da situação. Depois de três meses no escritório, entregou um enorme relatório concluindo o óbvio: havia gente demais na empresa, era preciso demitir.
E a formiga, desmotivada, pouco produtiva e aborrecida, foi, claro, a primeira da lista de demitidos.”
Como chegar cedo e trabalhar duro levava essa formiga para mais perto dos seus sonhos? Ela não fazia ideia. Por isso, foi se tornando o oposto de quem era originalmente. Focou nos obstáculos à frente, esqueceu suas “armas” e passou a “combater” da maneira errada. Se soubesse como seu trabalho lhe aproximava dos seus sonhos, teria visto blocos de construção em cada pedra que lhe aparecesse. Porque é isso que acontece quando você é CEO da Meu Sonho S/A: tudo te deixa mais forte! Todos os problemas são relativos, todos os obstáculos são passageiros.
A formiga tinha à sua disposição a oportunidade de aprender coisas que não sabia, mas preferiu tomar o lugar do incomodado acomodado. A rotina se tornou sufocante porque ela não entendeu que o cenário tinha mudado e, portanto, precisava se adaptar. Ela tinha opções: continuar na empresa e aprender coisas novas; sair da empresa e mudar para um ambiente mais agradável; tentar mudar coisas que a incomodavam dentro da atual empresa etc. Mas tudo isso exigia ação, e a formiga foi passiva. Ela esperou que fizessem por ela. E fizeram: “você está demitida!”.
A formiga perdeu sua motivação e não conseguiu seguir. Porque motivação te leva até a página dois, mas para chegar ao fim do livro você precisa de comprometimento. E quando você está comprometido com os seus sonhos acima de qualquer outra coisa, mesmo desmotivado, continua seguindo adiante. Tanto faz se chove ou faz sol. Sua motivação pode diminuir ou aumentar ao longo do tempo, mas o comprometimento existe ou não existe. É ele que te faz suportar e superar as situações mais difíceis.
Como falamos há pouco, realizar sonhos requer ação. E saber como o seu trabalho te aproxima deles te mantém comprometido. Porque você faz o que faz, não por um salário, por um bônus, por uma promoção, por uma empresa, por uma área, e sim por um ideal. Escolhe melhor, lida melhor com os contratempos, se empenha mais, sabe a hora de pedir demissão, se arriscar, aguentar a rotina, enfim, você vê mais sentido no seu dia-a-dia. E isso é extremamente importante na vida e, claro, numa entrevista de emprego.
O tempo da contratação de currículos, está terminando. Já está claro que apenas saber fazer coisas não determina o sucesso de um profissional, de uma equipe e nem de uma empresa. É crescente o número de empresas que contrata primordialmente por aderência cultural, alinhamento de valores e crenças. Ou seja, para estas empresas, mais do que fazer o que precisam que você faça, querem saber se você faz pelos mesmos motivos que elas. Em outras palavras: Você se alimenta de maneira saudável porque “O verão tá aí!” ou porque “Respeito minha saúde!”. Nenhuma das respostas é melhor ou pior em essência. O que importa é entender se os motivos se afinizam ou não.
Entenda como o seu trabalho te aproxima dos seus sonhos e você (i) não será refém da motivação; (ii) vai seguir com comprometimento o caminho que te faz responsável pelo seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional, (iii) vai analisar as coisas no papel de agente e não no papel de paciente. Ao invés de vítima das circunstâncias, vai se ver construtor da sua realidade. E cada pedra do caminho é mesmo um bloco de construção. Acredite, tudo te deixa mais forte!
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