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Hired - Capítulo 18: Auto-Curiosidade #2


Pensar na forma como o indivíduo é capaz de contribuir para o todo, ao invés de pensar apenas em como receber benefícios, é a melhor maneira de fazer algo prosperar, inclusive a sua carreira. Se cada indivíduo estiver determinado a dar o seu melhor para que os outros recebam o melhor, está estabelecido um ciclo virtuoso. Do contrário, quando todos pensam em receber o melhor da sociedade, sem para isso oferecer o seu melhor, o ciclo vicioso que se cria pode ser danoso por gerações. Fez sentido?

Por que isso importa? Numa entrevista de emprego, por exemplo, todo aquele ritual de perguntas, respostas, cafézinhos e reuniões se dedica a responder uma pergunta maior: “Como você pode contribuir para o que estamos tentando realizar aqui?” A maioria fala qualquer coisa que acha que vai "colar" para conseguir a vaga. Só que isso não convence. Dê profundidade ao que você fala, dê valor às suas palavras, e você não será só mais um.

Se agora você entende a sua importância, sabe o que quer realizar, quais são suas fortalezas e as limitações no caminho, e se está mais claro como o seu trabalho se encaixa nesta equação, vamos para o próximo passo. Se não, invista um pouco mais de tempo, esclareça melhor e só então avance. Não se detenha, mas não continue andando no escuro. Essas 5 perguntas serão como uma lanterna no caminho. Mesmo que a luz não esteja em sua plena potência, se permitir enxergar os próximos passos já é possível avançar, mas, se estiver totalmente apagada, não.

Nos próximos subitens vamos detalhar a importância de cada elemento que trabalhamos no exercício anterior, e como eles tornam sua entrevista mais efetiva, mais cativante e aumentam as chances de passar sua mensagem de maneira clara e impactante. Como contei no início do livro, acredito que as coisas têm fundamento e que entender o básico nos leva a dominar o avançado. Por isso, começamos pela raiz.

Para reforçar os conceitos que estas perguntas procuram explorar e fixá-los, aprofundei cada um dos tópicos em explicações breves que chamei de “I Have a Dream” - A importância de saber quais são os seus sonhos); Golias nunca teve chance! - A importância de saber quais são as suas “armas”; O quebrador de Pedras - A importância de saber quais são as suas limitações; Tudo me deixa mais forte - A importância de saber como seu trabalho te aproxima dos seus sonhos. Depois de lê-los, tente relacionar isso com a sua vida cotidiana. Histórias que você ouviu ou viveu, experiências que adquiriu ao longo da vida, etc. Isso ajuda a internalizar um conceito e assimilá-lo melhor.


“I Have a Dream!” – A importância de saber quais são os seus sonhos.

Martin Luther King marcou a história humana com esta frase. Seu sonho de liberdade e igualdade foi compartilhado por milhões. Sua história, até hoje, inspira pessoas ao redor do mundo. Mas Luther King não foi apenas um homem de visão e um orador brilhante. Ele estava disposto a viver aquilo que pregava, e morreu defendendo as suas convicções. Muitos eram tocados pelas suas palavras, contudo, foi o seu exemplo que arrastou as massas. Um sonho, acreditava ele, poderia mudar o mundo. E ele estava certo, mudou.

Quando falamos dos seus sonhos, não estávamos falando de uma fantasia. Mas sim de uma força que tem a capacidade de mudar o mundo. E não importa o tamanho do sonho, para realizá-lo, você terá de se colocar em movimento. Portanto, apenas pensar neles, imaginá-los, não é o suficiente. É preciso agir. Movimento é algo intrínseco à vida. Na natureza, por exemplo, nada está parado, tudo se move.

Pergunte a um cientista e ele te dirá que mesmo a pedra mais imóvel tem átomos que estão se mexendo constantemente. Existe uma força que movimenta todas as coisas. Seu sonho é a força que te move. É a sua razão para se seguir. “E porque isso é importante numa entrevista, afinal de contas?” Bem, é muito simples. Se você precisasse contratar alguém para a sua empresa. Contrataria uma pessoa cheia de energia, determinação, disposta a enfrentar desafios e superar limitações; ou preferiria uma pessoa que está ali só porque aquela vaga paga mais do que a que ocupa no seu emprego atual? Eu escolheria o primeiro.

Ter claro o que te move, faz você ser a primeira pessoa genuinamente. Faz você não só falar com palavras, mas dizer com cada gesto e ação que sabe porque está ali. E quem sabe a que veio, deixa sua marca. Não há nada de errado em querer um salário melhor. Dinheiro faz diferença, mas não se faz a diferença só por dinheiro. Empresas e pessoas que existem e trabalham por um propósito genuíno, não só prosperam, como também tornam-se inspiração para outras. É impossível não notar uma pessoa movida por um propósito maior do que ela mesma. E é impossível pará-la. Nem a morte de Luther King o parou.


Golias nunca teve chance! – A importância de saber quais são as suas “armas”

Você já deve ter ouvido a história da luta entre Davi e Golias: o hebreu pequenino contra o gigante filisteu. E deu Davi! Contra todas as expectativas, o menino de compleição física frágil, que pastoreava ovelhas, venceu o enorme soldado. Isso porque todas as expectativas estavam erradas. Viram o tamanho dos lutadores, mas não prestaram atenção às suas armas. Golias nunca teve chance!

Vamos imaginar a situação: dia quente, os exércitos dos dois lados do campo de batalha se avaliam mutuamente, os generais chamam os seus campeões para lutar pelo seu povo. De um lado, vem Golias, o poderoso soldado gigante, com sua armadura colossal e suas armas pesadas. Uma figura formidável que devia intimidar só de olhar. Do outro, porém, o escolhido é um garoto. Pequeno, de aparência frágil, ele vai carregando um pedaço de couro na mão: uma funda. Coitadinho! Certo? Errado. Pense direito.

Se você procurar um pouco mais sobre o povo de Israel, vai descobrir que eles eram e continuam sendo guerreiros implacáveis. Não teriam um guerreiro maior e mais temível no exército deles? Claro que tinham, mas o general escolheu Davi. E, tenho certeza de que não fez isso pretendendo perder a batalha. Não foi uma escolha aleatória. Claro, há a versão da providência divina na vitória de Davi. Essa versão é extremamente poderosa e inspiradora, mas quero oferecer uma outra versão que demonstra a importância de conhecer suas “armas”.

Frente a frente: gigante e menino, soldado e pastor de ovelhas se encaram. Golias vê a fragilidade de Davi e pensa que vai acabar logo. Davi olha de volta e vê um alvo enorme para as pedras da sua funda, não dava para errar o filisteu. Golias empunha sua enorme lança, lenta e desengonçada, e avança em direção ao menino. 5 passos, 2 pedradas! Ele mal se mexeu, e já foi atingido. Davi está fora do alcance do oponente, é rápido, pequeno, difícil de acertar. Sua arma é prática, leve, potente: uma funda consegue arremessar uma pedra a mais de 200 km/h. E ao redor dele, há munição abundante. Ele pode continuar jogando pedras naquele alvo gigantesco e fugindo por muito tempo. E, o mais importante, ele pode atacar de longe, já o gigante, precisa se aproximar. Arremessar a lança, é arriscar perdê-la. E não tem lanças abundantes pelo chão. Além disso, ele teria poucas chances acertar Davi; pequeno e ágil como uma lebre; com seus movimentos lentos.

A armadura pesada, a arma pesada, o corpo grande e lento, e as pedradas atrapalham o gigante. Davi continua com sua artilharia, fustigando Golias que não sabe como reagir àquilo. As pedradas são implacáveis. O filisteu, é alvejado diversas vezes. Seu corpo sente a dor, sente o peso das armas e da armadura, sente o calor. Sua mente sofre com a frustração e a vergonha de estar sendo rechaçado por um menino, sem conseguir reagir. Uma brecha em sua defesa aparece. Davi, já esperava por isso. Sua destreza no manuseio da arma, adquirida nas lutas contra animais selvagens para proteger as ovelhas, não lhe falharia quando surgisse a oportunidade. O menino mira e acerta. O gigante cai e morre. O mito nasce: o menino que derrotou o gigante. Pobre Golias.

Saber quais são suas armas, é saber como lutar e quando lutar. Todas as expectativas não importam quando você conhece seu potencial. Opiniões externas representam nada se você entende onde estão as suas forças, seus talentos. Sempre escuto a pergunta “O que o mercado está procurando?”. E me parece que a resposta é simples “O que ele sempre procurou e vai continuar procurando: realizadores!”. Ser quem estão “procurando” é menos importante do que ser você mesmo e fazer aquilo que as expectativas nem imaginavam ser possível. Davi sabia disso. Golias, não.

Ao identificar seus pontos fortes, valorize-os. Mesmo que ninguém mais ligue para eles. Mesmo que você tenha chegado à conclusão que não tem nenhum talento especial, perceba que isso é uma chance para desenvolver qualquer talento que você queira. Não é algo ruim. São suas forças que te trazem confiança. E confiança, como vimos, é um fator fundamental em uma entrevista bem-sucedida. Se apresentar diante de um gigante com uma tira de couro só é possível quando se está realmente confiante. Essa convicção alimenta a nossa coragem e ajuda a controlar melhor o nervosismo natural na entrevista.

Se você se sentir hesitante durante uma entrevista, lembre-se das suas qualidades, das suas forças, dos seus talentos, daquilo que te faz forte. Você vai derrubar gigantes. Sinta-se forte, confiante, imbatível. E como um menino e uma pedra jogada ao ar, não importa o tamanho do desafio, ele será superado, e talvez, uma história memorável nasça desse ato de ousadia.


 
 
 

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